sábado, 5 de novembro de 2011

Os Wayana e os Aparai

Abaixo o texto sobre os índios Wayana e Aparai, que pode ser encontrado na exposição Artefatos Indígenas, no Pavilhão das Culturas Brasileiras.




 Os Wayana e os Aparai são dois povos indígenas de língua Caribe que somam cerca de 750 indivíduos. Habitam três territórios, no Brasil, na Guiana Francesa e no Suriname. Aqui, ocupam duas terras indígenas no extremo norte do Pará, com 21 aldeias ao longo do rio Paru d'Este. Apesar das origens distintas, os dois povos mantêm estreita convivência há mais de um século, o que gerou certa homogeneidade cultural, sem eliminar as especificidades de cada grupo.

Compartilham uma longa história de migrações e de acolhimento de indígenas de outros povos fugidos de missões religiosas do rio Oiapoque e de colonizadores. Hoje, vivem em terra firme, próximos às corredeiras, onde praticam uma agricultura de baixo impacto ambiental, caça e pesca.

Os Wayana e os Aparai mantêm viva sua cultura por meio da reprodução de grafismos que incorporam elementos de seus mitos e celebram criaturas dos tempos antigos. Uma conhecida narrativa descreve como os desenhos foram vistos e copiados da pele pintada de um ser chamado Tulupel (em Wayana) ou Oruko (em Aparai), associado tanto a uma lagarta (larva) ou lagarto sobrenatural, quanto a uma serpente descomunal.

Os desenhos e aquilo que eles representam podem ser pintados, entretecidos com miçangas, gravados em madeira, trançados em arumã ou desenhados em papel com lápis ou caneta.


Máscaras Tamok

A cestaria Wayana e Aparai

Toda a cestaria é feita pelos homens. As técnicas utilizadas permitem traçar 32 tipos de diferentes objetos com trançados variados: cestos, abanos, tipitis, esteiras e peneiras.
Os cestos com trançado aberto são mais fáceis de fazer; os de trançado fechado exigem um longo aprendizado.
Dentre todos os artefatos feitos pelos Wayana e Aparai, os cestos são os que tem o maior número de grafismos, pois os trançados de arumã representam a própria pele da lagarta sobrenatural.



Cestaria

As rodas de teto

No centro de cada aldeia Wayana ou Aparai é construída uma casa cerimonial destinada às atividades coletivas, reuniões, festas, rituais ou a fabricação de objetos. É também ali que são acolhidos e hospedados os visitantes. Antigamente, esse era o local onde se enterravam os chefes e suas mulheres.
Diferentemente das casas de moradia, essa é circular e tem um teto muito alto. O esteio central é arrematado por uma grande roda, que representa uma arraia sobrenatural.
A roda de teto é feita da raiz de sumaúna e, sobre uma base enegrecida com fuligem, os grafismos são pintados com corantes naturais. Eles se distribuem como na pintura corporal da arraia e representam outros seres sobrenaturais em forma de lagarta, araras-peixe e tartarugas. Esses animais estão associados a diferentes esferas da cosmologia Wayana e Aparai.
As bordas da roda de teto são pintadas com triângulos que representam as borboletas que aparecem nas praias dos rios quando começa o verão.

Rodas de teto


* crédito das fotos: Gabriela Caetano

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