sábado, 31 de março de 2012

Dica da Semana: Casa do Bandeirante

A dica da semana de hoje é a Casa do Bandeirante
Você conhece esse lugar?


A Casa do Bandeirante representa um dos exemplares típicos das habitações rurais paulistas construídas entre os séculos XVII e XVIII em vasta área periférica ao núcleo urbano primitivo, localizadas predominantemente junto à bacia de dois rios: o Tietê e o seu afluente Pinheiros.

Neste conjunto remanescente, identificado a partir da década de 30 em princípio por Mario de Andrade e depois por Luis Saia, esta casa representa um raro exemplar de edificação que acompanha as mudanças da cidade de São Paulo desde os primeiros séculos da colonização portuguesa, evidenciando em seu partido arquitetônico e em suas paredes a memória dos processos construtivos da arquitetura colonial paulista, em especial da taipa de pilão. 



A história do Butantã, região onde a casa se encontra, remonta ao ano de 1566, quando foi concedida uma sesmaria a Jorge Moreira e Garcia Rodrigues, na paragem conhecida como Uvatantan. Em 1602 há registros dessa propriedade como pertencente a Afonso Sardinha, com o nome de Ubatatá, termo tupi que significa "terra dura". Posteriormente foi feita a doação de seus bens à Capela de Nossa Senhora das Graças da ordem dos jesuítas.

Com a expulsão dos jesuítas em 1759, a área foi a leilão e pertenceu a vários proprietários, tendo sido adquirida por Eugênio Vieira de Medeiros em 1875, sendo conhecida na época com o nome de "Rio Abaixo dos Pinheiros".A Cia. City de São Paulo, comprou o imóvel em 1912 e doou à municipalidade, em 1944, a área que incluía a edificação conhecida então como a "Casa Velha do Butantã". Após a doação o imóvel permaneceu sem definição de uso até o início dos anos 50.

Em 1953, a Comissão do IV Centenário de São Paulo torna-se responsável pela casa promovendo sua restauração, realizada pelo arquiteto Luis Saia e nela instalando a partir de 30 de outubro de 1955, um museu evocativo da época das bandeiras, com acervo próprio, a partir do recolhimento de móveis, utensílios e outros objetos históricos no interior de São Paulo, Minas Gerais e Vale do Paraíba. Acumulando simbolicamente ao longo dos anos identidades diversas, a Casa do Bandeirante está incluída, em caráter permanente, nos roteiros turístico-históricos da cidade, ícone de um passado histórico idealizado, espaço de crítica e contextualização de mitos e documento arquitetônico preservado.

SERVIÇO
O QUÊ? Casa do Bandeirante
ONDE? Pça. Monteiro Lobato, s/nº - Butantã, São Paulo, SP
CONTATO? Fone 11 3031 0920
QUANDO? Aberto de terça a domingo, das 9 às 17h
QUANTO? Visita orientada. Entrada franca.


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Quem foi Luis Saia?


Luis Saia por volta de 1975

Luis Saia nasceu na cidade de São Carlos-SP, em 16 de outubro de 1911. Iniciou seus estudos naquela cidade, transferindo-se sucessivamente para Campinas e São Paulo, onde se graduou em engenharia e arquitetura pela Escola Politécnica da Universidade de São Paulo.

Em 1936 participou do curso de Etnografia e Folclore do Departamento de Cultura da prefeitura paulistana, ministrado por Dina Dreyfus, quando passa a ser colaborador do Departamento de Cultura e do então Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, onde substitui Mario de Andrade na Chefia do 4º Distrito, cargo que exerceu por 40 anos.

Em 1938 chefiou a Missão de Pesquisas Folclóricas do Departamento de Cultura, que percorreu os estados do norte e nordeste do Brasil, registrando o folclore musical dessas regiões e recolhendo, através de gravações, fotografias, filmes, desenhos e notações musicais, informações complementares às gravações realizadas. Além deste trabalho, Luis Saia ainda realizou pesquisas e estudos etnográficos, particularmente sobre o samba rural paulista, nas cidades dos arredores de São Paulo.

Na Regional do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, foi diretamente responsável pela restauração de mais de 30 edificações, entre as quais as casas do Bandeirante e do Caxingui, e pela proposição de tombamento de diversos monumentos e coleções de obras de arte, distribuídas pelos estados do sul do Brasil. Promoveu ainda duas grandes pesquisas sobre coleções de obras de arte e sobre a arquitetura do café.

Caricatura de luis Saia

Foi coordenador de diversos cursos, entre os quais o de Especialização em Restauro de Bens Culturais e Conjuntos Arquitetônicos promovido pelo IPHAN e pela Faculdade de Arquitetura da USP, em 1.974. Professor Livre Docente da Escola de Arquitetura da Universidade Federal de Minas Gerais, foi ainda responsável pelos Planos Diretores das cidades de Anápolis, Goiânia, São José do Rio Preto, Lins e Águas de Lindóia, além de grande número de projetos de residências, hospitais e pavilhões para exposições.

Colaborou com Oneyda Alvarenga na edição da série Registros Sonoros do Folclore Brasileiro, produziu um grande número de artigos em revistas e jornais sobre arte e arquitetura brasileiras, além de publicações, entre as quais se destacam, Compromisso de Brasilia, IAB-IPHAN, 1970; A morada paulista, Ed. Perspectiva, 1.972; Residências Rurais do Brasil Colônia (mimeo) 1958; Escultura Popular Brasileira, Ed. Gaveta, 1944; Escultura popular de madeira, in 7 brasileiros e seu universo, MEC, 1974. Luis Saia faleceu em 15 de maio de 1975.

Um comentário:

  1. ótima ideia esse blog ! precisamos mais e mais de sermos educados e responder de onde viemos!
    grato
    Zupo

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