sexta-feira, 5 de agosto de 2011

Novas Obras [parte5]

NINO (1920 / 2002)
João Cosmo Félix, o Nino, nasceu em Juazeiro do Norte, Ceará, onde viveu até sua morte, aos 82 anos. Sem ter aprendido a ler, trabalhou como cortador de cana e ferreiro antes de se dedicar à escultura em madeira. Na década de 1970, Nino fazia animais de madeira em pequenos formatos, pintados de marrom, preto e branco. Na década seguinte, começou a fazer esculturas maiores, introduzindo a figura humana, montando cenas, ao lado de pássaros e animais. A partir daí, sua obra alcança uma dimensão inédita de qualidade. Conjugando magistralmente a forma e a cor, sua criação promove um encontro entre a escultura e a pintura. As formas recortadas de homens e animais, muitas vezes com texturas e cores extremamente elaboradas, dialogam com planos chapados, numa combinação cromática que o aproxima da mais refinada estética contemporânea.

 S/T (Pássaro na árvore), 1999 - Escultura em madeira pintada

RANCHINHO (1923 / 2003)
Sebastião Theodoro Paulino da Silva nasceu em Oscar Bressane, São Paulo. Com dois anos de idade, foi levado com a família para Assis, SP, onde viveu até sua morte, aos 80 anos. Com dificuldades de locomoção, de fala e de audição, Sebastião foi afastado da escola por não conseguir acompanhar as aulas. Passou a viver recluso no meio rural, nos arredores da cidade, em ranchos abandonados. Sobrevivia vendendo papéis, latas e garrafas, recebendo comida e roupa das pessoas da cidade. Desde criança, Sebastião desenhava com lápis e giz de cera, criando imagens em cartões aproveitados e cadernos velhos. Nos anos 1970, o pesquisador e poeta José Nazareno Mimessi reconheceu seu talento e o estimulou a pintar com guache. Assumindo a postura de pintor, Ranchinho improvisou seu ambiente de trabalho com tintas, pincéis e cavalete, trabalhando incessantemente. Sua produção é farta e aborda temas os mais variados, quase todos advindos de sua vivência rural, cenas do cotidiano entre os quintais e os interiores das casas. Longe dos rótulos, mas dominando a linguagem do desenho e a enorme sensibilidade cromática, suas pinturas se aproximam do mesmo espírito de percepção e urgência de registro tão característicos do impressionismo.
Parquinho, 1990 - Acrílica sobre tela

RESENDIO (1941)
Nascido no povoado de Tibiri, município de São Brás, Alagoas, Resendio José da Silva desde pequeno dedicou-se à arte, construindo seus brinquedos com caixotes de frutas que encontrava nas feiras. Chegava mesmo a vendê-los para outras crianças. Adulto, já casado e com filhos, partiu para São Paulo em busca de trabalho e de uma vida melhor. Foi pedreiro, sapateiro e, depois, jardineiro da prefeitura da cidade, mas não resistiu às pressões da vida urbana, voltando para o ambiente rural nas Alagoas. Retomou logo a criação artística esculpindo, em mulungu ou cedro, figuras que são síntese do dia a dia nordestino e personagens urbanos. Ao lado de criações líricas com pássaros imaginários, uma fauna de homens e mulheres, de aspecto pop, ostenta cores fortes, destemidas, de indisfarçável humor.

Homem com muletas e macaco, 2004 - Escultura em madeira pintada, 110 x 80 x 40 cm.

ULISSES (1924 / 2006)
Nascido no Vale do Jequitinhonha, em Córrego Santo Antônio, Minas Gerais, Ulisses Pereira Chaves trabalhou durante toda a vida na lavoura. Filho, neto e bisneto de paneleiras, foi o primeiro homem adulto da família a se dedicar à arte de moldar o barro, ofício tradicionalmente reservado às mulheres. Ao longo dos anos e com o desenvolvimento de seu trabalho, Ulisses estimulou a atividade criadora entre seus familiares, criando escola. Suas esculturas em cerâmica têm uma universalidade atemporal que as aproxima, por exemplo, das representações gregas ou romanas. São figuras ambíguas, entre o humano e o animal, seres sobrenaturais, cabeças isoladas ou reunidas em grupo, monstros e personagens totêmicos. A pintura das peças, usando pigmentos de cores contrastantes, redesenha os traços da figura e acrescenta elementos gráficos que a enriquecem. 

VÉIO (1948)
Cícero Alves dos Santos nasceu no município de Nossa Senhora da Glória, Sergipe. Filho de lavradores, desde menino esculpia figuras em cera de abelha para depois encontrar a madeira, até hoje a sua matéria de expressão. Ainda trabalha como agricultor, fazendo sua arte nos períodos de folga. São esculturas em grandes formatos de personagens do cotidiano, mas também situações surrealistas, como forquilhas de troncos brutos arrematados por uma cabeça esculpida, ou homens sendo transportados por tartarugas. Preocupado com a comunicação e permanência de seu trabalho, assim como a história e as tradições de seu povo, Véio montou em casa o “Museu do Sertão”, com uma variedade de objetos do dia a dia sertanejo. Ampliou ainda sua criação artística para ambientes ao ar livre, montando uma grande instalação no terreno de seu sítio, à beira da rodovia Engenheiro Jorge Neto.
Casal de anões, 2008 - Escultura em madeira pintada

ZÉ DO CHALÉ (1903 / 2008)
Descendente dos índios xocós, José Cândido dos Santos nasceu em Neópolis, Sergipe. Desde criança – e até a vida adulta, com mulher e filhos – vagou por cidades ribeirinhas do São Francisco, radicando-se finalmente em Aracaju, onde morreu aos 105 anos. Trabalhou como mestre de obras e construtor de casas e barcas. Começou a esculpir aos 89 anos, criando o que ele chamava de “troféus”. Trabalhadas em madeira, as peças são construções verticalizadas, lançadas em vários planos, cada um com seus elementos específicos mas, ao mesmo tempo, participando do todo alegórico. Em alguns casos, figuras humanas integram o conjunto, de forte conotação arquitetônica e simbólica. São torres e minaretes oníricos. 
S/T, 2003 - Escultura em madeira, 58 x 12 x 10 cm.

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